sábado, 4 de junho de 2011

Bento: «Vitória justa, com as dificuldades esperadas»



Seleccionador admite problemas em contornar a Noruega, mas elogia comportamento da equipa das quinas.
Por Nuno Travassos

Paulo Bento, seleccionador português, analisa a vitória sobre a Noruega (1-0), na fase de apuramento para o Euro 2012:

[o segredo para chegar aqui foi menos egoísmo e mais trabalho de equipa?] «Não vi egoísmo desde que cheguei. O que nos trouxe até aqui e estar agora em primeiro lugar foi uma boa coesão, consistência e qualidade. Alcançámos um bom resultado, realizando um bom jogo. Dominámos do princípio a fim, com excepção a duas ocasiões na primeira parte. Foi uma vitória justa, com as dificuldades esperadas. Estamos na situação desejada.»

[sobre as dificuldades sentidas pela equipa das quinas para contornar a muralha defensiva] «Temos de trabalhar para contornar as dificuldades. Sabíamos que ia ser assim, e transmitimos aos jogadores que era preciso manter a paciência e a segurança, não ter urgência em chegar ao golo. Não controlámos tão bem o momento em que perdemos a bola, na primeira parte. Mesmo a perder a Noruega não abdicou da sua forma de jogar. Tentámos atrair o adversário na linha recuada, para encontrar espaços. Foi uma boa vitória.»

[sente-se responsável pela recuperação de Postiga para a Selecção] «Esse trabalho é essencialmente do Hélder, e de quem o orienta na maior parte do tempo, como o Paulo Sérgio e o Couceiro. Mais do que as individualidades, chegámos aqui pelo espírito que criámos. Hoje ganhámos pela forma como os jogadores se prepararam desde 25 de Maio. Soubemos ter capacidade para sofrer.»

[fez duas substituições forçadas, por problemas físicos. Não fosse isso e teria apostado em Hugo Almeida para tentar a vantagem no confronto directo?] «Não sei o que teria feito. As duas primeiras substituições foram realizadas a pedido dos jogadores, que estavam em dificuldade. Depois esperámos o mais possível pela última substituição, como é normal. Temos uma vantagem curta, mas temos vantagem sobre a Noruega e a Dinamarca, a quem ganhámos no Dragão. O objectivo era ganhar. Não era ganhar por dois ou por três. Sabíamos que defrontávamos uma equipa complicada, que ainda não tinha perdido. Não se goleia com facilidade, hoje em dia. Estamos na posição que todos desejam.»

[sobre pretensos assobios a Ronaldo, na 2ª parte] «Não sei se os assobios eram direccionados para alguém em concreto. Até podiam ser para mim, pela forma como a equipa estava a gerir a posse de bola. É natural que exista alguma ansiedade, por algumas situações que existem no nosso país. O futebol é, muitas vezes, um escape. Ainda temos 270 minutos para sofrer. Temos de nos preparar muito bem para aquilo que vamos sofrer a 2 de Setembro, no Chipre. Vamos ter de nos preparar tão bem quanto para este jogo. Pelo menos.»

[sentiu o Cristiano desanimado «O Cristiano podia estar fatigado, como outros, mas a motivação global foi extraordinária. Ganhámos e estamos em primeiro lugar. Agora devemos pensar naquilo que tivemos de sofrer para chegar até aqui, e pensar se não vale a pena sofrer mais um pouco. Os jogadores, mais do que ninguém, querem estar no Europeu.»

[a equipa soube sofrer?] «Foi um dos aspectos que deve ser realçado. Quando não houve tanta fluidez no jogo, soubemos ser organizados defensivamente. Isso levou a que conseguíssemos manter o resultado, sem passar por grandes problemas.»

[agora que a equipa chegou ao topo, há uma obrigação maior de garantir a qualificação?] «Não há mais obrigação agora. Tinha esse objectivo desde o início. Agora está numa situação mais favorável.»

[Portugal e Dinamarca são agora favoritos?] «Continuamos a ser três candidatos, sendo que temos três jogos para realizar e visitamos a Dinamarca na última jornada, já depois do jogo entre Noruega e Dinamarca.»

Bruno Alves: «Vai ser uma luta até ao fim»



Central diz que Paulo Bento trouxe resultados.
Por Ricardo Gouveia

Bruno Alves, jogador da Selecção Nacional, analisa a vitória sobre a Noruega, na fase de apuramento para o Euro 2012:

[sobre as mudanças com Paulo Bento] «Não sei o que mudou, mas os resultados apareceram. Por vezes o futebol é assim. Trabalhámos bem e estamos em primeiro lugar. Queremos o apuramento o mais rápido possível. A Noruega provou que é uma equipa organizada e forte fisicamente. Vai ser uma luta até ao fim, e penso que a três.»

«Tivemos o jogo controlado. A Noruega não criou qualquer oportunidade de golo. Ainda assim o 1-0 era um resultado perigoso, mas o árbitro também podia ter dado aquele penalty (lance sobre Nani, na segunda parte). Agora seguimos o nosso caminho e esperamos melhorar.»

Portugal vs Noruega - Análise



Eduardo - esteve bem, o que teve de fazer fez bem (boa defesa no inicio do jogo que foi importantíssima) J. Pereira - Jogo razoável, tanto a atacar como a defender, não estava na sua melhor forma Pepe - Um dos melhores em campo, a defesa foi toda dele e não deu hipóteses aos avançados noruegueses B. Alves - Inicio complicado mas depois estabilizou, jogo razoavel Coentrão - Um pouco trapalhão tanto a atacar como a defender, parecia que era sempre em esforço, mas apareceu e subiu sempre que foi necessário, fez um bom jogo Meireles e Moutinho - Um bom jogo, cortaram muito do jogo ofensivo da Noruega, e tentaram sempre construir o jogo Português (Moutinho apareceu mais) Martins - Um dos piores da equipa portuguesa, sem grande ritmo, perdeu muitas bolas, destaque apenas para um remate fora de área que criou perigo Nani, bom inicio de jogo, depois foi caindo, muitos cruzamentos, muitos sprints, fez o cruzamento para o golo, bom jogo, apesar de valer muito mais do que demonstrou C. Ronaldo - Não foi o ronaldo de ir buscar a bola atrás e atacar, teve muito preso, na primeira parte apenas destaque para o livre, na segunda só apareceu nos minutos finais, mas sempre mal, em dois lances sozinho com o GR acabou por atirar para fora, esperava-se mais depois da veia goleadora dele no clube Postiga - igual a ele mesmo, sempre a pressionar o adversário, o que faz com que faça muitas faltas mas também ganha algumas, tentativas constantes de tabelar com os colegas, teve sempre presente no ataque marcou o golo da vitória, e a par do Pepe e do Moutinho um dos melhores em campo. Publico - Não é fácil jogar em casa com o publico a assobiar, mas mais uma vez aconteceu, acho que complica a tarefa dos jogadores e acaba por beneficiar o adversário.

Portugal-Noruega, 1-0 (destaques)



Para derrubar a muralha foi preciso paciência de «baixinho».
Por Nuno Travassos

Moutinho
Frente a uma muralha alta e compacta, o «baixinho» revelou-se sempre o elemento mais esclarecido. Foi paciente a procurar espaços na defesa norueguesa, com bola ou sem ela, e nunca perdeu a noção do equilíbrio defensivo. É um autêntico jogador-treinador, e não é coincidência que tenha sido o primeiro jogador ao qual Paulo Bento se dirigiu após o golo, de forma a transmitir as necessárias mudanças na abordagem ao jogo.

Meireles
Um raio de acção bem mais alargado do que é habitual, mas a entrega de sempre. Ao mesmo tempo que dobrava a atenção para os contra-ataques noruegueses, teve também de se mostrar disponível para funcionar como pêndulo sempre que os colegas da frente esbarravam no muro e tinham de voltar para trás.

Nani
Não se deixou abater pelo (surpreendente) estatuto de suplente a que foi relegado na final da Liga dos Campeões. Pelo contrário, sentiu que esta era a oportunidade de mostrar a Alex Ferguson que se tinha enganado. Apareceu endiabrado logo na fase inicial do encontro, com alguns «malabarismos», e acabou por contribuir para a vitória com a assistência para o golo de Postiga.

Pepe
Cerrou os dentes para uma luta musculada com John Carew, e saiu vencedor. Conseguiu dividir os lances aéreos com o ponta-de-lança norueguês, e sobrou-lhe ainda capacidade física para fazer algumas «dobras», anulando contra-ataques perigosos.

Pedersen e Huseklepp
Pouco requintados tecnicamente, mas objectivos. O principal perigo norueguês apareceu pelos flancos, em contra-ataque. Huseklepp obrigou Eduardo a uma grande defesa, e Pedersen desperdiçou um lance de perigo com um remate para a bancada.

Portugal-Noruega, 1-0 (crónica)



Portugal bateu a Noruega com um golo solitário de Postiga e chegou, finalmente, ao primeiro lugar do Grupo H
Por Ricardo Gouveia

Oito meses e três vitórias depois, Paulo Bento corrigiu as dúvidas queirosianas e colocou Portugal no topo do Grupo H da fase de qualificação para o Euro-2012. Depois das vitórias sobre a Dinamarca (3-1) e Islândia (3-1), a selecção nacional teve de sofrer um pouco mais esta noite, no Estádio da Luz, para «vingar» o último desaire da era Queiroz frente à Noruega, vencendo pelo mesmo resultado (1-0) e colando-se à Noruega e Dinamarca no topo da classificação, mas com uma clara vantagem na diferença de golos.

Com um grande ambiente no Estádio da Luz, Portugal assumiu de início as despesas do jogo, como lhe competia, com o triplo-M (Martins, Meireles e Moutinho), a reclamar de imediato o domínio da zona central, com o consentimento dos homens de Egil Ölsen que cedo mostraram que tinham como primeiro objectivo a defesa da baliza de Rune Jarstein. Com Nani e Ronaldo bem abertos nas alas, Portugal procurou abrir o jogo, mas faltaram sempre muitos centímetros a Postiga e companhia para ganharem bolas na área. O futebol rendilhado também não resultava nas várias surtidas pela zona central. Moutinho, sempre em acção, bem se esforçou que encontrar uma abertura na muralha norueguesa que se manteve inabalável.

Confira a FICHA DO JOGO e as notas dos jogadores

Sem soluções ao centro, o jogo de Portugal começou a descair sobre a esquerda, onde alinhava uma dupla para o Real Madrid ver, com Fábio Coentrão nas costas de Ronaldo. Era por aí a seleçcão conseguia ir mais longe, mas continuavam a faltar espaços para visar a baliza de Jarstein que, até ao intervalo, só se teve de aplicar a fundo uma vez, para anular um livre ao melhor estilo de Cristiano Ronaldo com uma espectacular defesa.

Do outro lado, Eduardo também teve oportunidade para brilhar, com uma boa defesa, a um remate traiçoeiro de Huseklepp num dos raros contra-ataques da Noruega. A primeira parte correu num ápice, com total domínio de Portugal, mas com escassas oportunidades, sem soluções para contornar a elevada muralha norueguesa, como comprovam os oito pontapés de canto que não resultaram numa única oportunidade de golo.

Acelerar, marcar e travar a fundo

Portugal parecia estar a fazer tudo bem, faltava-lhe apenas um pouco de velocidade para poder surpreender os homens de branco. E foi isso que conseguiu logo no início do segundo tempo, com Nani a cruzar rasteiro (por alto não valia a pena) para a entrada de rompante de Postiga que, com um desvio junto ao primeiro poste, abriu o marcador.

O mais difícil estava feito e o jogo tinha, agora, tudo para mudar. O resultado, com a vitória da Dinamarca na Islândia, já não interessava à Noruega que tinha de arriscar um pouco mais e abrir as suas linhas. No entanto, alcançado o primeiro objectivo, Portugal deixou-se adormecer, tirou o pé do acelerador e aligeirou a pressão que tão bem estava a exercer. A Noruega também não incomodou muito e os minutos passaram céleres, com Paulo Bento a refrescar todos os sectores com as entradas de Sílvio, Rúben Micael e Varela.

Seguiu-se o controlo acentuado dos portugueses mas, com Ronaldo em noite pouco inspirada, faltaram mais golos para a festa na Luz ser ainda mais animada, mas a verdade é que Portugal de Paulo Bento continua no bom caminho. O próximo episódio está marcado para 2 de Setembro com uma visita ao Chipre.

Sub-20: Portugal empata com a Itália (1-1)



DOIS JOGOS E DUAS IGUALDADES EM TOULON


Portugal voltou a empatar, desta feita no segundo encontro no Grupo A do Torneio de Toulon. A Seleção Nacional de Sub-20 não foi além de um 1-1 frente à Itália e segue na 3.º posição com 2 pontos, atrás dos transalpinos e da Colômbia (ambos com 4 pontos).

Gabbiadini inaugurou o marcador para a Itália, numa fase em que Portugal até dominava a partida. Seria Amido Baldé, a seis minutos do fim, a restabelecer a igualdade, faturando na sequência de um lance confuso na pequena área.

(Texto de: BRUNO PIRES)